segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

A poluição do solo

A poluição do solo consiste numa das formas de poluição, que afecta particularmente a camada superficial da crosta terrestre, causando malefícios directos ou indirectos à vida humana, à natureza e ao meio ambiente em geral. Consiste na presença indevida, no solo, de elementos químicos estranhos, de origem humana, que prejudiquem as formas de vida e o seu desenvolvimento regular. A poluição do solo pode ser de duas origens: urbana e agrícola.
A preocupação com os processos de degradação do solo tem vindo a aumentar à medida que se verifica que, para além da clássica desertificação por secura, outros processos conducentes aos mesmos resultados se têm instalado. Hoje, a poluição dos solos é uma das maiores preocupações ao nível ambiental.
Descargas acidentais ou voluntárias de poluentes no solo e águas, deposição não controlada de produtos que podem ser resíduos perigosos, lixeiras ou aterros sanitários não controlados, entre outros, estão geralmente associados a centros urbanos, a actividades agrícola, pecuária e industrial e têm tido como consequência elevados níveis de contaminação quer em zonas urbanas, quer em zonas rurais, com repercussões nas cadeias alimentares, na saúde pública e nos diversos ecossistemas e recursos naturais.
Uma enorme quantidade de resíduos industriais, sólidos e líquidos, são todos os dias lançados directamente sobre os solos levando a que os lixiviados produzidos e não recolhidos para posterior tratamento contaminem facilmente os solos e a água.
Esta contaminação conduz à acumulação em bolsas de metano, produzido pela degradação anaeróbia da fracção orgânica, criando riscos de explosão. Estas águas contaminadas são essencialmente provenientes da indústria química, destilarias e lagares, indústria de celulose, indústria de curtumes, indústria cimenteira, centrais termoeléctricas e actividades mineira e siderúrgica.
Relativamente às actividades agrícolas com forte impacto sobre a poluição dos solos, podemos destacar a agropecuária intensiva, onde se verifica uma taxa bastante baixa de tratamento de efluentes. Os sistemas agrícolas intensivos também contribuem com pesticidas e adubos que podem originar a salinização do solo e/ou a toxicidade das plantas com excesso de nutrientes.
Mas pensar que apenas na indústria e nas actividades agrícolas estão os perigos ambientais é errado, pois, no nosso dia a dia, também contactamos com inúmeros produtos que têm efeitos dramáticos sobre os solos, como lixívias, pilhas, herbicidas, vernizes e óleos de motor usado, entre outros; estes resíduos podem ter impactos sobre os microorganismos do solo, flora e fauna natural, hidrologia e qualidade das águas subterrâneas e superficiais.
A partir do momento em que a contaminação de um determinado local é considerada um problema há que estabelecer objectivos de remediação e seleccionar as técnicas de tratamento adequadas. Assim, a descontaminação pode envolver processos térmicos, físico-químicos e biológicos.
Recentemente, tem sido dada particular relevância aos métodos biológicos de descontaminação de solos, tecnologia promissora que pode vir a ter um papel de importância crescente na recuperação de áreas contaminadas pelas actividades industrial e urbana.
O tratamento biológico do solo diminui os riscos para a saúde pública, bem como para o ecossistema e, ao contrário da incineração ou dos métodos químicos, não interfere nas propriedades naturais do solo.
Os métodos biológicos baseiam-se no facto de que os microorganismos têm possibilidades praticamente ilimitadas para metabolizar compostos químicos. No tratamento biológico, os microorganismos naturais são estimulados para uma degradação controlada dos contaminantes (dando às bactérias um ambiente propício, i.e., oxigénio, nutrientes, temperatura, pH, humidade, mistura, etc.). Em determinadas situações (presença de poluentes muito persistentes), pode ser necessário recorrer a microorganismos específicos ou a microorganismos geneticamente modificados, de modo a conseguir uma optimização da biodegradação.
O solo é um corpo vivo, complexo e muito dinâmico, que deve ser encarado como uma interface entre o ar e a água (entre a atmosfera e a hidrosfera) e não como o mero local onde assentamos os pés ou o simples suporte para habitações e outras infra-estruturas indispensáveis ao Homem. Há que ter em conta que sempre que lhe adicionamos qualquer substância estranha o estamos a poluir e, directa ou indirectamente, à água e ao ar.

Nenhum comentário: